Folha de S.Paulo
Após a GM fechar acordo que prevê reajuste e abono maiores, os trabalhadores da Volkswagen e da Ford, em Taubaté (SP), decidiram retomar hoje a greve nas duas fábricas e pressionar os sindicalistas da CUT a conseguir uma melhor proposta salarial para a categoria.
Na GM de São José dos Campos e de São Caetano do Sul, os funcionários obtiveram 8,3% de reajuste (sendo 4,4% para repor a inflação e o restante de aumento real) e abono de R$ 1.950. Os sindicatos desses locais são ligados, respectivamente, à Conlutas (formado por sindicatos dissidentes da CUT e ligados ao PSTU) e à Força Sindical.
No ABC e em Taubaté, os trabalhadores da Volkswagen, Ford, Scania, Toyota e Mercedes-Benz são representados por sindicatos ligados à CUT. Essas montadoras haviam feito acordo por meio de negociações conduzidas pelo Sinfavea (sindicato das montadoras) e concederam inicialmente 6,53% de reajuste e abono de R$ 1.500.
“Houve até empurra-empurra hoje (ontem) dentro da fábrica entre os trabalhadores e um sindicalista porque o acordo feito na GM é muito melhor que o nosso. O pessoal da fábrica está revoltado porque o sindicato poderia ter negociado aumento real maior”, diz um trabalhador da Volks em Taubaté que, por temer represálias, prefere não se identificar.
“O governo financiou as montadoras, ao conceder redução do IPI, e as ajudou a sair da crise. Não dava simplesmente para o sindicato abraçar a primeira proposta salarial e sair apregoando que fechou o melhor acordo do país”, afirma um operário da Ford Taubaté, que apóia a retomada da greve.
Diante da pressão dos trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté colocou ontem em votação outra proposta salarial, que prevê abono de R$ 2.800 a ser pago em três vezes (em vez dos R$ 1.500 iniciais) e 6,53% de reajuste agora e 1,66% em outubro de 2010.
Trabalhadores da Volks e da Ford dizem que essa nova proposta foi recusada e que não aceitam percentual menor do que o fechado pela GM (8,3%).
“O que aconteceu foi que os sindicatos do ABC e de Taubaté fecharam um acordo rebaixado, que revoltou os trabalhadores”, diz José Maria de Almeida, da coordenação nacional da Conlutas.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou, por meio de nota, que fez uma “complementação” do acordo (com as montadoras Ford, Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen e Toyota), que prevê abono de R$ 2.800, além do reajuste de 6,53%.
O sindicato também informa que os salários no ABC são os mais altos do país e que considera “positivo” o fato de sindicatos de outras regiões terem conseguido acordos superiores.
A Folha não localizou ontem a direção da Volks e Ford Taubaté para comentar o assunto. Até o fechamento desta edição, os sindicalistas de Taubaté não retornaram a ligação.
Bancos
Bancários de todo o País fazem assembleias hoje para decidir se entram em greve por tempo indeterminado a partir de amanhã por causa do impasse na campanha salarial.
O Comando Nacional dos Bancários informa que, se não houver uma proposta salarial melhor à categoria, os trabalhadores devem parar.
Na última sexta-feira, o comando enviou comunicado à Fenaban (federação dos bancos) rejeitando a oferta da entidade: reajuste salarial de 4,5% e participação nos lucros e resultados paga em duas parcelas.
Fonte: Folha de S.Paulo/Claudia Rolli | www.folha.uol.com.br
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